quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Depois a culpa é dos professores

Durante minha vida estudantil, especialmente a acadêmica, eu defendi a implantação das cotas para que alunos de escolas públicas pudessem se graduar em uma universidade pública. Hoje, só hoje, entendi uma coisa. Eu estava defendendo uma ideia que é de um Estado, por sinal, incapaz de resolver os problemas da população.
Qual o objetivo da implantação de reserva de vagas para alunos oriundos de escolas públicas em universidades também públicas? Esta ação nada mais do que é a comprovação da falta de capacidade do Estado em resolver os problemas de sua população. Qual problema? A da qualidade da educação das escolas públicas. Ou seja, já que eu não consigo dar conta de resolver a questão da qualidade do ensino para milhões de brasileiros, afinal isso denota investimento, eu vou lá e crio as cotas. Assim eu dou um “jeitinho” (característica tão pouco inerente a sociedade brasileira) de fazer com que os menos favorecidos estejam nas universidades e, consequentemente, fiquem quietos e não me causem temor. Sim, as massas causam temor nos políticos. Nós só não conseguimos nos dar conta disso. Caso contrário, o poder já seria nosso.
Todo mundo sabe, e os profissionais da educação também, que o mercado exige profissionais qualificados (diga-se: que saibam ler, escrever e fazer contas) e éticos. Então porque os alunos não aprendem? As respostas passam pela família e, principalmente, pela escola. Que escola é esta? É a imagem de alguém que sabe o que fazer, quando fazer e porque fazer, mas não pode agir, pois existe uma amarra colocada pelo Estado e que, de cima para baixo, dita o que é bom ou ruim.
Quer um exemplo? As mudanças na grade curricular do ensino médio, que o Estado do RS vende como positiva pois aumenta a carga horária em que os alunos estarão em sala de aula. Além disso, alguém sabe mais alguma coisa? Eu não. Mas ano que vem eu vou ser obrigada a lecionar dentro de um modelo que está fadado ao fracasso. Mas não me venham depois especialistas dizer que a culpa é dos professores. 

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